A cidade dos sete conventos - Conhecer a nossa cidade

O termo convento, do latim conventus que significa "assembleia", advém originalmente da assembleia romana onde os cidadãos se reuniam para fins administrativos ou de justiça (convéntum jurídicum). Posteriormente passou-se a utilizar com sentido religioso, relativamente ao monasticismo quando, para melhor servir e amar a Deus, os homens se retiravam do mundo, primeiro sozinhos, depois em grupos de monges (comunidades religiosas), para edifícios concebidos para o efeito, os conventos.Por vezes, o termo Convento é confundido, erradamente, com Mosteiro. Convento, é quando o edifício, aquando da sua construção, se inseria na malha urbana, normalmente delimitada por uma Muralha. A designação de Mosteiro aplica-se ao oposto, ou seja: quando o edifício foi construído fora da Cidade. Hoje em dia, devido à expansão das malhas urbanas, muitos Mosteiros encontram-se já em Zona Urbana. No entanto, na hora de os classificar, tem de se ter sempre em atenção qual o entorno na data da sua construção. Exemplo disso é o Mosteiro de Celas, Coimbra. No séc. XIII (data de fundação), estava a alguns quilómetros da Cidade. Hoje em dia, encontra-se em pleno coração da malha urbana.

Portalegre é uma cidade única, caracterizada pela sua riqueza arquitectónica, onde conventos e mosteiros assumem um papel preponderante. Após a extinção das ordens religiosas, todos eles foram transformados e adaptados a novas funções. É conhecida como a cidade dos sete conventos, que são:
- o convento de São Francisco;
- o convento de Santo Agostinho;
- o convento de Santa Clara;
- o convento de Santo António;
- o mosteiro de São Bernardo;
- o colégio de São Sebastião;
- o convento de São Brás, hoje desaparecido. 

O convento de São Francisco é o mais antigo, a sua fundação remonta a 1275. Depois da expulsão dos franciscanos, parte do convento albergou a primeira corticeira do mundo, outra, o quartel.

Erguido pela ordem dos Eremitas Descalços, o convento de Santo Agostinho é hoje ocupado pela Guarda Nacional Republicana. Da primitiva construção resta-nos a fachada exterior e a igreja.

A fundação do Convento de Santa Clara data de 1376, e deve-se à Rainha D. Leonor Telles. Após a morte da última abadessa, a sua utilização é sempre de cariz benevolente, ora como recolhimento de senhoras pobres, ora para raparigas em "perigo moral". Depois da Revolução dos Cravos, aí se alojam alguns serviços municipais e associações culturais. Ocupando todas as instalações do convento, desde Maio de 1999 que podemos desfrutar de um agradável espaço cultural, a Biblioteca Municipal de Portalegre.

Em 1605, inicia-se a construção do Colégio de São Sebastião. Doze anos depois já funcionava, dedicava-se à formação de sacerdotes. Em 1759, aquando da expulsão dos jesuítas, o colégio passa a propriedade estatal. No seu plano de industrialização para o país, o Marquês de Pombal determina que em Portalegre se estabeleça "uma fábrica de panos", destinada à transformação de lã e algodão. Em Julho de 1772, é oficialmente inaugurada a "Real Fábrica de Lanifícios de Portalegre". A fraca sustentabilidade e as condicionantes externas levaram à desintegração da mesma. No século XX, parte do edifício é ocupado pela Banda Euterpe de Portalegre e pela COOPOR. Já neste século, o edifício foi restaurado, adaptado às exigências contemporâneas, sem no entanto descuidar a original estrutura do colégio. Trata-se das novas instalações da Câmara Municipal de Portalegre, que pela sua excelente obra foram galardoadas com um prémio (o Prémio Nacional de Arquitectura "Alexandre Herculano", entregue ao arquitecto Sequeira Mendes e ao Município de Portalegre, a 17 de Novembro de 2006, em Lamego, durante o XI Encontro Nacional de Municípios com Centro Histórico, pela recuperação da Antiga Fábrica Real).

O mosteiro de São Bernardo foi a abadia da Ordem de Cister mais importante a sul do rio Tejo. A sua fundação data do século XVI. Se o exterior foi alvo de diversas remodelações durante os séculos seguintes e hoje se assemelha a um monte alentejano, o seu interior deixa-nos boquiabertos quer pela sua beleza arquitectónica e azulejaria, quer pelo túmulo do Bispo D. Jorge de Mello, fundador do mosteiro, esculpido em mármore. Espaço amplo e polivalente, onde se realizam exposições e reuniões, alberga a escola prática da GNR.

O Convento de Santo António foi mandado edificar pelo Bispo D. André de Noronha, em 1572, e destinava-se a ajudar os mais carenciados. Com uma vista privilegiada sobre Portalegre, dali se via, sem ser visto, como convinha. É um edifício de traça simples. 

Do convento de São Brás, actualmente pouco se sabe, mas pela estrutura e divisões do edifício da Casa-Museu José Régio sabe-se que ali existiu um convento.

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