António Zambujo - Vozes D'além Tejo - Vozes e sons que transportam o Alentejo na voz

A rubrica Vozes D'além Tejo - sons, acordes, melodias e grupos que transportam o Alentejo na voz e na música apresentar António Zambujo.
Cresceu a ouvir o cante alentejano. A harmonia das vozes, a cadência das frases e o tempo de cada andamento, foram para sempre uma influência. Nascido em Beja, em 1975, António Zambujo começou a estudar clarinete com 8 anos, estreando-se no Conservatório Regional do Baixo Alentejo.
Ainda pequeno, apaixonou-se pelo Fado e pelas vozes de Amália Rodrigues, Maria Teresa de Noronha, Alfredo Marceneiro, João Ferreira Rosa, Max entre muitos outros. Estava habituado a cantar em família e entre amigos, e aos 16 anos chegou mesmo a ganhar um concurso de fado.
Com o curso de clarinete na bagagem, ruma a Lisboa, onde Mário Pacheco, intérprete e compositor de guitarra portuguesa lhe abre a porta do conhecido Clube do Fado, no bairro de Alfama, onde passou a tocar.

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Olaria - Compreender e conhecer as tradições da nossa região

A olaria é a arte de trabalhar o barro – rocha metamórfica resultante da decomposição das rochas feldspáticas, por acção de fenómenos de desnudação e erosão, devidos aos agentes atmosféricos (água e vento), bem como devido à acção química do dióxido de carbono dissolvido na água. Quimicamente, o barro é um silicato duplo de alumínio, mais ou menos hidratado, contendo por vezes impurezas provenientes das rochas primitivas (mica, quartzo, carbonato de cálcio, silicato de ferro ou magnésio) que o colore.
O barro possui um certo número de propriedades características, a mais importante das quais é a plasticidade que lhe é comunicada pela água com a qual é misturado. Em segundo lugar, a coesão e o endurecimento provocado pela secagem. Finalmente, a perda de plasticidade obtida através da cozedura.
Estas propriedades terão sido acidentalmente descobertas pelo homem primitivo, o qual começou a manufacturar peças de olaria, visando a obtenção de recipientes para o transporte de água e a cozedura de alimentos.
O Alto Alentejo tem inúmeros centros oleiros dos quais os mais importantes são: Redondo, S. Pedro do Corval, Reguengos de Monsaraz, Estremoz, Flor da Rosa, Nisa e Portalegre.
Por aqui viveram durante largas centenas de anos, romanos, visigodos e árabes, que nos legaram valores de que ainda hoje nos servimos, como é o caso das peças de olaria, que reproduzem fielmente peças mais antigas, as quais são na sua maioria de origem romana (talha, infusa, cangirão, tina, copo, etc.), grega (cântara, bilha, panela, etc.), árabe (alguidar, alcatruz, fogareiro, etc.). Já o cantil é originário da Ásia Menor e o moringue da América.

Mais informação em:
http://www.hernanimatos.com

Tesourinhos dos Compadres

O projecto Os Campaniços, poder-se-ia comparar a uma série de acção realizada por Manoel de Oliveira, não fosse a falta da mesma, visto tratar-se de personagens tipicamente alentejanas. Amílcar Alhinho e Joséfo Dias, num ambiente originalmente campaniço, revivem, contando de uma forma tipicamente alentejana, as mais hilariantes histórias, recheadas de inúmeras peripécias, que passaram durante a sua juventude no Alentejo. A complementar todas as histórias, está sempre presente a inconfundível sonoridade do instrumento que mais caracteriza musicalmente o Alentejo; A Viola Campaniça. As modas resultantes da Viola Campaniça têm como função, tecer as mais variadas críticas sociais. Quem melhor para contar histórias dos alentejanos, senão os próprios alentejanos??? Amílcar Alhinho João Paulo Joséfo Dias José Emídio.

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Boleima - Conhecer a doçaria tradicional da nossa região

A Boleima de Portalegre é uma referência na doçaria desta cidade Alentejana. Feita por mãos que teimam em preparar e moldar massa de pão, que um dia alguém adocicou com açúcar e canela. Uma herança bem antiga com um sabor único e irresistível. A boleima é um doce tradicional da Páscoa, sobretudo no alto Alentejo. As boleimas surgiram a partir do bolo da massa, que não é nada mais que o pão ázimo que os Judeus comem durante a Páscoa – em memória da fuga de Israel. Feito à base de água, farinha, azeite, sal e sem fermento… Conta a história que os Judeus partiram tão à pressa que não tiveram tempo de deixar o pão levedar! Aos ingredientes básicos do bolo da massa começaram-se a juntar outros como o açúcar, canela, doce de maçã, nozes… Existem muitas variantes, sendo a de maçã característica de Castelo de Vide.

A arte do ferro fundido - Conhecer a nossa região

Apesar de existirem registos de ferro artístico em todo o país, parece ser do consenso geral que é na região alentejana, em particular no Alto Alentejo, que a riqueza desta arte melhor se revela.
De facto, relativamente às peças encontradas nesta região, Luís Keil considera que:
“ (…) que se podem colocar no período mais antigo, que contudo não irá além dos meados do século XV, alguns exemplares, como a grade da sacristiada igreja do Convento de Avis, (…) Esse tipo, repete-se com variantes, nalgumas grades de Castelo de Vide, (...) KEIL, Luís – Inventário Artístico de Portalegre, Academia Nacional de Belas Artes, Lisboa, 1943, p. LIII
Na verdade, no foral dado à vila de Castelo de Vide por D. Manuel I, em 1512, faz-se referência ao ferro e formas de o trabalhar, o que evidenciava a importância que atribuía à arte de trabalhar do ferro.
No reinado de D. Sebastião, a 15 de Novembro de 1558, foi concedido ao bispo de Portalegre, D. Julião de Alva, uma carta de privilégios para exploração das ferrarias que se encontrassem em Castelo de Vide, Marvão, Nisa, Portalegre e Alegrete, derivado da necessidade de ferro que se sentia no reino.
Por outro lado, a maioria das obras desta região concentram-se nas décadas de seiscentos, o que levou o mesmo autor a considerar que “ (…) e sobretudo no século XVIII que mais se deve ter trabalhado na arte de forjar, tecer e recortar o ferro (…)
Das obras de ferro que se salientam na região podemos destacar o fogareiro do Museu de Elvas (séc. XV), as grades do altar-mor da Igreja de Nossa Senhora da Estrela e de Stª Maria de Marvão, as grades do coro do Convento de Stª Clara de Portalegre (séc. XVI), a grade da capela de S. Pedro, da Se de Portalegre, as grades das varandas do Palácio Amarelo, na mesma cidade (séc. XVII) e as grades das sacadas do edifício do “Trem”, em Elvas (1714).
A Casa Museu José Régio contém no seu espolio um grande número de utensílios domésticos como espetos, descansos ou apoios de espetos, descansos de ferros de brunir a roupa, candeias, batentes zoomórficos, etc.