Colher de Pau, Símbolo da Praxe - Conhecer as nossas Tradições Académicas

No ano de 1212, em Espanha, surge, por ordem de El-Rei D. Alfonso VIII, o primeiro “Studium Generale” em Palencia, que seria o antecessor das actuais Universidades. Pouco tempo depois, D. Diniz manda construir os Estatutos Gerais de Lisboa (1285) que, devido a diversos problemas entre a população e os estudantes foram trasnferidos pouco depois para Coimbra – surgindo a primeira Universidade portuguesa (com esta designação). Aos Estudos Gerais que foram sendo criados acediam jovens de todo o país e mesmo de outros países vizinhos. Assim surgem, em Espanha, os Sopistas, predecessores dos actuais Tunos.
Os Sopistas eram estudantes pobres que, com as músicas, simpatia e brincadeiras percorriam casas nobres, conventos, ruas e praças em troca, muitas vezes, de um prato de sopa (daí o seu nome – sopistas) ou de uma moeda que os ajudasse a custear os estudos. Quando caía a noite e tocavam os sinos de recolha cantavam serenatas às donzelas que queriam conquistar, sendo, muitas vezes, perseguidos pelas polícias universitárias (visto que o recolher era obrigatório para os estudantes). Daí que os Sopistas começaram a utilizar longas capas negras para, na noite escura, se poderem esconder dos polícias.
Eram conhecidos por transportarem sempre consigo um garfo e uma colher de madeira, o que lhes permitia comer em qualquer lado. Assim, quando se formaram as primeiras Tunas, ainda com muitas tradições sopistas, os símbolos adoptados (essencialmente em Espanha) foram, justamente a colher e o garfo de madeira. Em Portugal as tradições académicas adaptaram o símbolo da colher de pau como uma das mais conhecidas sanções de Praxe: a sanção de unhas.
Julga-se que o nome Tuna surgiu, porque muitas das tradições sopistas eram baseadas na atitude de um califa, boémio e mulherengo, de Tunes – Tunísia, que levava uma vida trovadoresca. Passava dias e noites a cantar pelas ruas e em grandes tainadas com os amigos e, pela noite, encantava as donzelas de Tunis com serenatas ao som do seu alaúde. Assim, os sopistas tinham sido influenciados por esse califa da Tunísia o que originou que, mais tarde, visto que o nome sopista já não condizia a realidade (os estudantes passaram a tocar para se divertirem e não para sobreviverem) e tornara-se depreciativo, os grupos de estudantes de tradição sopista se passassem a intitular Tunas.
Esta origem remota no mundo Árabe desta tradição secular, a das Tunas, explica porquê que o bandolim desempenha um papel fundamental na sonoridade das Tunas, porque foi inspirado no Alaúde deste Califa. Os instrumentos eram, e ainda são (apesar de algumas alterações mais recentes), maioritariamente cordofones pois isto permitia às Tunas andarem pelas ruas carregando-os.

As tunas em Portugal surgiram apenas em meados do séc. XIX. Conta-se que um grupo de estudantes de Coimbra se deslocou, um dia, a Espanha e, observando o sucesso que as Tunas por lá faziam importaram a ideia para o nosso país. No entanto, é muito difícil definir qual a Tuna mais antiga do país.

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