É justo salientar o excelente trabalho de investigação e composição que o compositor Júlio Pereira tem desempenhado ao longo dos anos. Desde a sua recolha de informação no Atlas Musical de Portugal, até informações sobre os diversos cordofones que ele toca (bandolim, cavaquinho e diversos tipos de viola), enfim, um trabalho de louvar que se encontra compilado e disponível na sua homepage e que, em conjunto com algumas visitas ao Museu de Cordofones de Domingos Machado em Tebosa - Braga, muito contribuiram para eu conseguir compilar estas informações acerca do bandolim.
O Bandolim é conhecido como um cordofone com origem napolitana, de costas periformes e abauladas tal como as do alaúde e dotado de quatro cordas duplas de metal cuja percussão com palheta ou plectro produz um efeito de tremolo rápido e encadeado que aumenta ilusóriamente a duração das notas criadas.
A Família dos Bandolins é constituída pela Bandolineta (sopranino), o Bandolim (soprano), Bandoleta (Alto), Bandola (Soprano), Bandoloncelo (Baixo) e Bandolão (Baixo – com forma de bandolim mas tocado como contrabaixo – cerca de 1,50m de altura).
Os bandolins existem desde o séc. XVI, tedo a sua origem em Itália, onde surgiram para substituir o Alaúde. Cada cidade tinha o seu bandolim (existindo Napolitanos, Romanos, Sicilianos, Florentinos etc) e a principal diferença entre estes eram o número de cordas e a afinação.
Os construtores Italianos mais famosos foram os violeiros Vimercati, Sechi, Vinaccia e Rafaelle Calace.
Enquanto que os italianos construiam os seus bandolins com forma semelhante à do alaúde, sem ilhargas e com costas arqueadas, em Portugal, onde o bandolim teve muita aceitação estes foram construídos com ilhargas e fundo chato, criando a escola portuguesa de bandolins.
Em Portugal, sendo um dos instrumentos de câmara preferidos pela burguesia portuguesa de Novecentos, o bandolim alcançou uma popularidade crescente que o transformou num instrumento característico de outras festividades e agremiações. Encontrando-se actualmente liberto das rígidas convenções técnicas de interpretação do passado, ele é hoje principalmente tocado por estudantes em tunas universitárias de cariz urbano ou integrado em ‘rusgas’ populares, participando nas ‘chulatas’ ou outras formações instrumentais mistas características das mais diversas celebrações profanas.
No séc. XIX construiram-se inúmeros bandolins de luxo, essencialmente tocados por senhoras. Ainda no princípio do século XX, as senhoras professoras primárias tinham, aquando da sua formação, aprendizagem de bandolim.
No início do séc. XX a cidade do Porto era o principal polo de onstrucção de instrumentos de corda do país, do Porto partiam guitarras (especialmente de Coimbra), bandolins, cavaquinhos e outros cordofones para todo país. Daí que surjam, no início deste século vários modelos dos diversos instrumentos com características próprias incutidas na Invicta ou no Douro Litoral. Com a I Grande Guerra, instala-se uma crise no país que atinge com particular força os violeiros (visto serem bens de entretenimento). Assim, a grande maioria destes vê-se obrigada a partir da Cidade do Porto para o Miho e/ou para a província tendo como mercado alvo as Romarias e os Ranchos, muito frequentes nesta região do nosso país.
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